Dez Mandamentos para o Eleitor Consciente
- Diocese de Itabira e Coronel Fabriciano
- 29 de set. de 2016
- 7 min de leitura

Igreja por sua credibilidade junto à opinião pública tem a responsabilidade de despertar e de formar consciência, para que todos participem das transformações sociais e políticas. No campo da política, a atuação concreta cabe, antes de tudo, aos leigos. É essencial buscar a união entre a fé e vida, já que o Concílio Vaticano II denunciou como um dos erros mais graves de nosso tempo, o divórcio entre a fé que professamos e a vida cotidiana. O Concílio afirmou que, ao ficar indiferente ao que se passa na sociedade, o cristão fica indiferente aos seus deveres para com o próximo e o próprio Deus, e coloca em perigo a sua salvação eterna. (Gaudium et Spes, 43). Os leigos não podem deixar de participar da política. Não se justifica nem a descrença dos fiéis na política, nem a omissão diante da coisa pública. (Exortação Christifideles Laici, 42). […] Ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação na vida politica é uma obrigação moral. (Evangelii Gaudium, 180).
1- Todo cidadão e cidadã têm de ter consciência da responsabilidade de votar, e votar bem.
2- O voto tem de ter relação com o bem comum do contrário, terá profundas implicações e consequências nem sempre satisfatórias para a coletividade.
3- Tenham clareza com relação às funções que estão em jogo nestas eleições: a função do prefeito e vice, e a função dos/as vereadores/as. Identificar claramente o que um e outro devem fazer, a partir do significado de seus cargos, o vereador legisla, o prefeito executa auxiliado por seu vice.
4- Desmascare a prática do clientelismo muitas vezes identificado no agir do agente político(prefeito(a)/vereador(a)). Fiscalize o Executivo, para promover serviços que ministram o bem comum invés de serviços interesseiros motivados apenas para ganhar votos para eleição ou reeleição .
5- Conheça e discuta abertamente com e sobre os candidatos aos cargos em disputa, sua origem, seu passado, seu presente e as pretensões futuras. O momento das eleições é muito importante para conhecer a ficha dos/as candidatos/as. Ficha suja não merece crédito nem voto.
6- Cuide para não ser engando! Há muito lobo vestido de pele de cordeiro no momento que se apresentam pedindo votos. Seus assessores ou eles mesmos nos querem provar a todo custo que estamos diante de um anjo ou um santo. Criticam tudo que criticamos, defendem tudo que defendemos. Só para conseguir o voto! Depois… A desastrosa e decepcionante consequência.
7- Cautela com os que se dizem defensores/as da vida, da família, da moral cristã e assim por diante, embora haja muitos/as que defendem de fato a vida, a família, ha também aqueles; as empregando parentes, amigos, os mais chegados naquilo que conhecemos por nepotismo. Ha os que apesar de entenderem a vida como sendo vida plena para o pobre, o necessitado e excluído insistem na prática irresponsável de fazer politicagem explorando os mais pobres.
8- Desconfie de candidatos/as que fogem de debates, sabatinas, reuniões em espaços onde a comunidade, o/a eleitor/a possam de forma livre, questionar suas posturas passadas, ideologias, projetos mirabolantes que no fundo indicam desconhecimento e distorção da realidade do que irão fazer e as regras constitucionais que deverão obedecer.
9- Fiscalize aqueles/as que foram eleitos/as quanto à sua absoluta transparência administrativa. O/a eleitor/a deve acompanhar o desempenho daqueles/as que forem eleitos/as, pois, o voto é uma espécie de procuração para que o/a eleito/a aja em conformidade com a lei e em nome dos/as que o elegeram.
10- Obrigue aquele/a que ajudamos a eleger, de prestar contas a cerca de sua atuação é elemento constitutivo da representação democrática. Uma prestação de contas que não seja apenas através dos conhecidos boletins de mandato, onde não há diálogo, mas apenas apresentação do que a assessoria ou o político quer que saibamos. Quando ocorrer o apoio explícito, bem como todo o trabalho de levar o candidato à vitória, os cristãos e cristãs devem fazer isso como forma de participar intensamente do mandato coletivo, caso este seja obtido nas urnas. Não deixar o eleito só, ou em companhia de sua pequena assessoria. É fundamental que se forme um grupo de acompanhamento e participação do mandato. Se o eleito estiver comprometido com a comunidade, com a participação desta ele/a faz seguramente, a diferença.
“ Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de sabedoria” ( 2Tm. 1,7).
“ A politica é a maneira mais sublime de fazer a caridade” ( Paulo VI).
“Condenar os corruptos, sim, pedir a graça para não se tornar corruptos, sim! E “também rezar pela conversão deles”! (Papa Francisco)
“ Quando os bons se omitem os maus aproveitam”
Vamos combater a corrupção
1.Por quê?
O custo da corrupção faz o Brasil perder, a cada ano, o equivalente a 5% do PIB, ou R$130 bilhões, por causa da corrupção: sucateamento da Saúde, Educação, o déficit habitacional, a precariedade da Segurança, deficiência do sistema de transporte e outras mazelas sociais. A corrupção corrói os direitos sociais, econômicos e desestabiliza o sistema político pelo qual se garante a estabilidade politica, a plenificação da democracia e o exercício da cidadania como caminho para os avanços sociais. O Fórum Social Mundial, desde sua primeira edição em 2001, Porto Alegre proclamou que, “Outro Mundo é Possível”. “Vi, então, um novo Céu e uma nova Terra, (…) e Deus mesmo estará com eles, enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá mais morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.
(Revelações: 21-1,4)
2. Como Combater a Corrupção?
Deve-se combater a corrupção, divulgando as praticas que estão visíveis e se informando para divulgar, ainda mais quando se tem visibilidade dela nesses últimos tempos de abertura democrática. Pressionando para as correções e punições cabíveis previsíveis pela Lei, exigindo transparência por parte de quem assume a função pública e por outro lado, você deve insistir no acompanhamento sistemático tanto individual como coletivo de quem se elegeu. O acompanhamento detalhado de gastos do governo, a conferência de despesas de campanhas eleitorais e até as declarações de bens de candidato/as que pleiteiam um cargo no executivo ou legislativo, podem e devem ser pesquisados e conhecidos. O acesso à informação de dados públicos via internet ou mesmo, indo buscá-las junto aos órgãos públicos competentes, faz com que a transparência iniba a iniciativa dos corruptos.
3. Quando Combater a Corrupção?
Comportamento corrupto não é novidade, a gravidade da corrupção é enxergarmos desrespeito, desânimo, descrédito, em relação a pessoas e a instituições que ela dissemina. Desde sempre se deve combater a corrupção, ainda mais quando se tem visibilidade dela nos últimos tempos por ter passado a ser do conhecimento de muita gente e tem sido um aprendizado que requer força de vontade por envolver o aspecto ético e o legal, já que sob o ponto de vista do direito, devem-se condenar atos ilegais. Ainda assim, a coerção externa não é suficiente. É preciso também coerção interna, a formação da consciência moral, que dificulte e impossibilite a realização de atos ilícitos. Não se deve dispensar medidas preventivas e, entre elas se insere uma educação para valores como honestidade e a sinceridade nas relações sociais.
4. Quem combate a Corrupção?
É uma atitude que cabe a cada um individualmente e a todos em geral num grande mutirão, com a responsabilidade de demonstrar apreço pela defesa do bem comum. A união de entidades e sociedade civil em torno de iniciativas, a exemplo do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral e também na que resultou a Lei da Ficha Limpa, a mobilização pela Reforma Política, as iniciativas para acompanhar e cobrar transparência do legislativo e executivo, a cobrança e proximidade com o Ministério Público nos municípios. A parceria com órgãos de imprensa sérios, isentos e comprometidos com a informação que leva a reflexão e tomada de posição. A parceria com ONGS, Associações comunitárias, Universidades em busca de discutir e somar forças em torno da defesa da Democracia e para desenvolver ações cidadãs foram e estão sendo cada vez mais exercidas.
5. A Igreja e a Política como se explica?
Ao assumir compromissos políticos, a Igreja católica o faz a partir do imperativo ético da defesa da vida, em cada momento de seu desenvolvimento terreno. Com efetivo respeito aos direitos humanos para todo/as; o desenvolvimento sustentável, que garanta qualidade de vida à população e respeito à ecologia, a postura ética dos/as políticos/as e na política; corroída pelo “câncer” da corrupção que coopta milhões e a estes faltam uma qualidade de vida melhor. Como exemplo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB conclama toda sociedade brasileira, a quem chama de “legítima autora da Lei Ficha Limpa”, a defender a Lei de tudo o que vise o seu esvaziamento”. O Papa Francisco em sua viagem à América Latina declarou que “a corrupção é a gangrena de um povo” e acrescentou que “nenhum político pode cumprir seu papel se é chantageado pela corrupção”. Sobre as ideologias, ressaltou que “terminam mal, não servem; pensam pelo povo, e não deixam que ele pense por si”. Numa visita a Nápolis, Itália, Francisco declarou: “Quanta corrupção há no mundo. (…) A corrupção é suja e a sociedade corrupta é uma porcaria. Um cidadão que deixa que a corrupção o invada não é cristão!”
É chegado o momento de fazermos valer concretamente nossa adesão a um processo eleitoral limpo, à prática de uma atitude que mostrará grandes benefícios para toda população: vamos fazer valer a capacidade criativa de nossos Movimentos, Pastorais e Serviços a exemplo de outras épocas, para influir nos rumos da história de caminhada de nossa diocese inserida no contexto de uma Igreja em saída, voltada para fora, para a defesa da democracia, a atenção para os mais pobres, para a missão que abrange a sociedade e a realidade do dia a dia, no compromisso da prática da cidadania, da justiça, da paz, da ética e principalmente, da transformação social.
“A corrupção é suja e a sociedade corrupta é uma porcaria” (Papa Francisco)
“Quem não luta por seus direitos, não é digno deles”. (Machado de Assis)
Apoio: Comissão Justiça e Paz da Diocese de Itabira-Cel.Fabriciano, Cáritas Diocesana- Comissão de Direitos Humanos de Ipatinga, Pastorais Sociais da Diocese Itabira-Coronel Fabriciano, Mutirão Itabirano de Combate à Corrupção Eleitoral-MICCEITABIRA
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